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domingo, 16 de janeiro de 2011

O Adeus de Fontainebleau

Que Ce Dernier Baiser Passe Dans Vos Coeurs!


No dia 20 de abril de 1814, em um dos momentos mais dramáticos e arrebatadores de sua epopéia, o Imperador Napoleão I, acompanhado de alguns poucos oficiais, desceu as escadarias em forma de ferradura do Palácio de Fontainebleau, que dão acesso ao Pátio do Cavalo Branco, para se despedir de sua Velha Guarda. Oficialmente, naquele momento, ele já deixara de ser o imperador dos franceses. Ele, pois, havia abdicado. Terminara o seu sonho de uma Europa Unificada sob o domínio francês.

Dois anos antes, aqueles bravos homens haviam marchado sob o seu comando através das estepes russas até Moscou. Durante toda a campanha eles não conheceram derrota em uma batalha sequer. O Czar, porém, abandonou a cidade e os poucos habitantes que restaram preferiram entregar sua capital às chamas a entregá-la aos franceses. E, assim, na noite em que Napoleão dormiu no Kremlin, Moscou ardeu. A retirada foi desastrosa. O “General Inverno” mostrou mais uma vez porque o solo da sagrada Mãe Rússia jamais foi conquistado pelo inimigo estrangeiro. O frio extremo, para o qual não estavam preparados, a fome que grassava entre as tropas e as investidas dos terríveis cavaleiros Cossacos ceifaram a vida de aproximadamente 570 mil homens (NICOLSON, 1987, p. 242). Com isso, La Grande Armeé, o Grande Exército de Napoleão foi desbaratado. Estima-se que a fina-flor da juventude francesa pereceu sob camadas de neve e trespassada pelas lanças dos Cossacos.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A Batalha de Waterloo: a última jogada de Napoleão


A Centelha Moral

A fisionomia do autor, o festejado historiador Andrew Roberts é bem conhecida dos apreciadores dos programas históricos transmitidos pelo History Channel, Discovery Civilization, National Geographic, entre outros. Em seu site oficial podemos encontrar seu belíssimo currículo acadêmico, as indicações dos prêmios que recebeu, as obras que publicou, etc. Além disso há uma informação relevante para o leitor do título ora comentado, que, em tese, tornariam ainda mais vultosas as suas credencias: “He has also been elected a Fellow of the Napoleonic Institute[1].

Seu editor brasileiro, a Companhia das Letras, não faz por menos e decreta sobre Roberts: “É fellow do Instituto de Estudos Napoleônicos e faz conferências sobre Napoleão nos Estados Unidos, Canadá e na Grã-Bretanha [2].

Infelizmente não pude precisar se, por ventura, estariam se referindo à International Napoleonic Society (INS), ou outra associação dedicada à memória de Napoleão Bonaparte.

Tampouco, no decorrer da leitura, logrei encontrar muitos traços de admiração do autor em relação a Napoleão. Antes, a devoção de Andrew Roberts é dedicada ao outro grande personagem da batalha objeto de seu estudo: ninguém menos que o grande vencedor de Waterloo, Arthur Wellesley, o colossal Duque de Wellington.

O título original é Waterloo: Napoleon’s Last Gamble. Como se sabe, a escolha do título de uma obra nunca é por acaso e no caso desta obra, não seria um exagero dizer que a escolha do da expressão “last gamble” já trairia certa parcialidade deste relato de Waterloo feito por Roberts. Minha desconfiança apenas aumentou quando me depararei com a dedicatória:

“A Robin Birley, sobrinho-tetraneto de lord Castlereagh, estrategista-mor da coalizão que destruiu Napoleão.”