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sábado, 18 de dezembro de 2010

O Ouro de Sharpe


A Voz do Vencedor

Agora que começo a traçar estas linhas, acabo de regressar da Livraria Cultura. Naturalmente, um passeio perturbador para qualquer bibliófilo, por menos obsessivo que seja. Em meio a uma variedade infindável de títulos e volumes disponíveis, me detive alguns minutos admirando um: “Sharpe's Waterloo”.

Tratava-se de uma edição da HarperCollins de 2010, classificada como “paperback”, do tipo que, por aqui, poderíamos definir simplesmente como “brochura”, se fosse possível – claro está – não considerarmos que depois que os Beatles cantaram “Paperback writer. Please, sir or madam, can you read my book?” o termo ganhou outros significados correntes. Sim, pois, após essa intervenção pontual da cultura pop, “paperback”, mais do que nunca, passou a ter a conotação geral de publicação de baixo custo, quiçá baixa qualidade, seja do insumo empregado na própria edição, seja relativa à aptidão e aos rudimentos literários do escritor. Seguramente, trata-se de avassaladora bobagem, pois todos os grandes escritores publicados nos Estados Unidos e na Europa possuem edições em “paperback”, o que, a toda evidência, diminui sensivelmente o custo final do produto e o grande beneficiado não é outro senão o leitor.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Condenado, de Bernard Cornwell

A Pérola Subestimada

“Gallows Thief” é o título original de mais esse excelente romance de Bernard Cornwell. Como se sabe, a versão publicada no Brasil pela Editora Record foi chamada de “O Condenado”. O livro é brilhante: as descrições são finas e detalhadas; a trama é surpreendente e divertida; as referências culturais são muitas e variadas; e as personagens marcantes. Tudo em sua composição parece obedecer a uma ordem bem planejada e minuciosa, como sói ocorrer com os romances históricos assinados por Cornwell.

É de se notar, entretanto, que o livro não foi recebido pelo mercado brasileiro com o entusiasmo que merecia. Talvez – mera especulação – apenas sintoma da tradução do título do livro o fazendo parecer um dos romances jurídicos do advogado norte-americano John Grisham. Isso poderia afastar os fãs de romances históricos, porém o nome de Bernard Cornwell, certamente, os traria de volta, ainda que o autor não contasse com uma legião de fiéis seguidores no Brasil. Talvez o sucesso de outros livros do autor, talvez a falta de uma campanha de marketing mais agressiva por parte dos editores brasileiros de Cornwell, resta saber. O fato é que “O Condenado”, entre os títulos publicados no Brasil, é um dos últimos lembrados quando se pensa no escritor inglês, o que, definitivamente, é uma pena. Em minha modesta perspectiva, o público em geral, de uma forma ou de outra, subestima este livro e com isso perde uma grande aventura de investigação policial, ambientada na Inglaterra dickensiana do início do Século XIX.

sábado, 18 de setembro de 2010

O Conde de Monte Cristo

Estou convencido de que alguns livros inspiram certa saudade antecipada antes mesmo que se leia a última página. À medida que o final se aproxima, por mais que se anseie descobrir o desfecho, toma corpo o lamento pela iminente despedida.

Este certamente é o caso de O Conde de Monte Cristo. Não é fácil vencer as quase mil e quatrocentas páginas dos dois volumes da edição definitiva da editora Jorge Zahar¹, que superou minhas expectativas pela qualidade e inclui belas ilustrações da época de lançamento original, em folhetim. Essa densidade fez com que o livro me acompanhasse por algumas semanas, mais de oito no total, me tornando íntimo das personagens e de suas histórias particulares.

Assim, cada vez que via diminuir o número de páginas faltantes, orientado por um cartão de visitas que utilizei à guisa de marcador, desejava que houvessem mais dois volumes adicionais aguardando no armário.

Naturalmente, trata-se de um desejo paradoxal em um mundo que considera prolixo qualquer texto que ultrapasse os 140 caracteres de uma twitada. Ademais, a rigor, o tal desejo continua sem fazer sentido quando se considera que a melhor parte do romance são os relatos da prisão de Dantès, mais especificamente do seu encontro com o Abade Faria até sua fuga. Poucas boas explicações, porém, advém de ilações tão simples assim.

É certo que a narrativa da fuga, do encontro com os corsários, do achado do tesouro e da vingança evidentemente contribuem para tornar obra ora comentada indispensável, mas nada se compara ao encontro com o velho clérigo italiano.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Catarse

No começo aquilo parecia uma tortura. O tipo de sacrifício que as pessoas se impõem no decorrer da vida, pois têm certeza de que, passando por isso, atingirão um objetivo qualquer.

No total, o percurso se estendia pouco além de onze mil metros. Uma distância que um corredor relativamente bom cobre em aproximadamente 30 minutos. Ocorre que ele não era nenhum corredor profissional, longe disso. Quando começou, era um corredor afetado: contava cada passo, sentia cada pisada, abria a boca demais, abaixava a cabeça e se preocupava muito apenas com a pisada, tentando prevenir um possível trauma nas articulações do joelho e do tornozelo: primeiro o calcanhar, depois a planta do pé se amoldando ao chão até chegar à ponta dos dedos e oferecer um novo impulso e assim continuamente, um pé depois do outro. A falta da melhor técnica o fazia avançar muito pouco, malgrado grande desgaste. Sofreguidão ritmada e constante.

Sempre que partia se sentia um Fidípides e sabia que cairia morto ao final daquele sofrimento. Mas essa morte gloriosa não veio. Com o tempo o esforço foi se tornando natural. Pouco a pouco se familiarizava, se soltava e seu corpo respondia demonstrando adaptação. Como resultado passou a correr sem estar obcecado com a chegada, de sorte que já não era necessário dizer a si mesmo o tempo todo que não podia obedecer ao desejo de parar e se deitar no chão. Então, simplesmente corria, ocasionalmente e quase involuntariamente, controlava a intensidade dos movimentos para manter a média nas constantes saliências e reentrâncias do caminho.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Nome da Rosa¹

Quando alguém se determina a ler O Nome da Rosa² também está decidindo adentrar na santíssima abadia que o bom Adso considerou piedoso não revelar o nome.

Todavia, apenas é dado sair desse imponente reduto beneditino, encravado nas montanhas da região setentrional da Itália, àquele que ali permanece por sete dias, orientado pelas horas canônicas, o divinum officium, fixadas na regra pelo próprio santo fundador da Ordem.

É bom que se diga que a expressão “viver sete dias na abadia” é utilizada pelo próprio autor no complemento indispensável “Pós-Escrito a O Nome da Rosa”, obra em que Umberto Eco sustenta que a premissa inafastável para se chegar ao sétimo dia é aceitar o ritmo da abadia.

Segundo ele, as cem primeiras páginas do livro revelam tal e tão didático tom que foram mantidas, ignorando sugestão em contrário do primeiro editor, para testar e penitenciar o incauto leitor. Penitenziagite! Sim é preciso pagar tal tributo para ultrapassar a estrada sinuosa e escarpada que leva à abadia. Do contrário, permanece-se abandonado nas encostas, do lado de fora das muralhas e ignorante acerca de uma obra sem paralelos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

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